![]() |
| Ethan McCord |
Assistam emocionante entrevista concedida pelo ex soldado Ethan McCord e hoje ativista pela paz no grupo Soldados Contra a Guerra, revelando a verdade sobre o polêmico vídeo divulgado pelo Wikileaks, em que agentes do exército metralham civis que estão nas ruas no suburbio de Bagda.
A história de Etham McCune com o ocorrido no vídeo começa depois que várias pessoas foram metralhadas pelos soldados no helicóptero e ele em terra corre para salvar duas crianças.
Abaixo transcrevo parte da entrevista concedida pelo ex soldado Ethan McCord, o vídeo com a íntegra da entrevista, e trechos da carta traduzida para o português:
"Não liguei para o que estava acontecendo naquele bombardeio, como pai e como ser humano eu tinha que salvar aquelas crianças. Depois de entrar numa casa com a menina, tirei minhas luvas e comecei a tirar os vidros do cabelo dela, fiz carinho na cabeça, como um pai faz, pois ela estava chorando, tentei acalmá-la como um pai faz com a filha. Quando sai vi o menino se mexendo e o peguei, eu dizia: “Não morra! Eu estou aqui com você "
Vídeo do exército americano divulgado pelo site wikileaks e entrevista com o ex soldado
Como aquelas crianças foram parar no meio de um bombardeio?
Ethan McCord: O pai passou por ali porque estava levando as crianças para a escola e viu um homem ferido na calçada e decidiu ajudá-lo e levá-lo para o hospital. Aquele homem não tinha nada a ver com o que estava acontecendo, estava agindo como um bom samaritano, não viu os
helicopteros que estavam atirando porque os helicopteros estavam a 2,5 km. As balas atingiram o carro vindas do nada, alguém fala no video que ninguém deve levar os filhos para um campo de batalha, mas ele não tinha levado, estava ali dirigindo no seu bairro, levando os filhos à escola. Nós é que levamos a batalha até as crianças.
helicopteros que estavam atirando porque os helicopteros estavam a 2,5 km. As balas atingiram o carro vindas do nada, alguém fala no video que ninguém deve levar os filhos para um campo de batalha, mas ele não tinha levado, estava ali dirigindo no seu bairro, levando os filhos à escola. Nós é que levamos a batalha até as crianças.
Qual foi a primeira reação que você teve quando descobriu que havia crianças dentro do carro?
Ethan McCord: Quando vi as crianças dentro da van, pensei nos meus filhos em minha casa. Aquelas crianças não eram diferentes dos meus filhos, fiquei com o coração partido, lágrimas me vieram aos olhos, minha primeira reação foi pegar as crianças, ajudá-las e protegê-las, não liguei para o que estava acontecendo, como pai e como ser humano eu tinha que salvar aquelas crianças. Depois de entrar numa casa com a menina, tirei minhas luvas e comecei a tirar os vidros do cabelo dela, fiz carinho na cabeça, como um pai faz, pois ela estava chorando, tentei acalmá-la como um pai faz com a filha. Quando sai vi o menino se mexendo e o peguei, eu dizia: “Não morra! Eu estou aqui com você”. O menino abriu os olhos, olhou para mim, seus olhos se reviraram e achei que tivesse morrido em meus braços. Meu coração encolheu, comecei a chorar, eu o apertei com força, segurei como se fosse meu filho e fiquei repetindo: “Não morra! Estou com você, vai ficar tudo bem..
Ethan McCord: Enquanto eu lavava o sangue do meu uniforme fui invadido por muitos sentimentos. Tudo o que tinha visto no Iraque contradizia tudo que eu acreditava, eu precisava de apoio psicológico, procurei o sargento do meu pelotão, pois eu precisava falar com um psicólogo, ele riu da minha cara e disse para eu parar de ser covarde e idiota, para eu parar de frescura, para ser um soldado. Se eu fosse procurar um psicólogo ele me acusaria de me fingir de doente, o que é crime militar, fiz a única coisa que eu poderia fazer: suportei aquilo e reprimi todos os meus sentimentos, tive que continuar fazendo o meu trabalho, mas eu fazia como achava conveniente, e não como o exército queria que eu fizesse. Resolvi proteger o máximo de pessoas possível, fiquei com muita raiva, tinha raiva dos soldados, da minha família, dos civis americanos. Eles é que tinham me mandado fazer aquilo, eles é permitiram que aquilo acontecesse, por não terem se colocado contra aquela guerra.
" Nosso lideres não querem arranhar suas reputações, mas nossas reputações tem menos importância do que o nosso sentimento de humanidade.. Decidi poublicar uma carta de desculas ao povo iraquiano pois quando o vídeo foi publicado, o governo negava qualquer responsabilidade "
Você foi repreendido por salvar as crianças?
Ethan McCord: Tinham me mandado aos berros não me preocupar com aquelas crianças desgraçadas, soldados riam de mim, disseram que eu tinha coração mole, que eu parecia uma mulher, por me preocupar com as crianças, outros soldados me disseram que se estivessem lá teriam atirado na cabeça das crianças, pois elas seriam futuros terroristas. O exército treina os soldados para acreditarem que as crianças do Iraque e do Afeganistão serão terroristas.
Se você tivesse a chance de se dirigir a Bush, o que você diria?
Ethan McCord: Ele nos usou por motivos ilegais e imorais, espero que ele não durma bem a noite, espero que as imagens dos soldados, de suas famílias e dos mortos no Iraque e Afeganistão o assombre todas noite e continue assombrando pelo resto da vida dele.
"Fui libertar os iraquianos, mas os iraquianos que me libertaram"
" Meu patriotismo e minha raiva pelo 11 de setembro foram usados, usados em beneficio dasa empresas americanas por causa do petróleo do Iraque. Se me arrependo de ter matado alguém? com certeza "
Abaixo trechos da carta enviada aos iraquianos:
"Que a paz esteja com vocês,
Nós escrevemos para você, sua família e sua comunidade com a consciência de que nossas palavras e ações jamais poderão restaurar suas perdas..
... Não há como trazer de volta tudo o que foi perdido. O que buscamos é aprender com nossos erros e fazer tudo o que podemos e contar aos outros sobre nossas experiências e como o povo dos Estados Unidos precisa perceber o que fizeram e estão fazendo com vocês e as pessoas de seu país. Nós humildemente perguntamos o que podemos fazer para começar a reparar o dano que foi causado..
...Com tanta dor, a amizade pode ser pedir demais. Por favor, aceitem nossas desculpas, nossa tristeza, nosso cuidado, e nossa dedicação para mudar de dentro para fora. Estamos fazendo o que podemos para falar contra as guerras e contra as políticas militares responsáveis pelo que aconteceu com vocês e seus entes queridos. Nossos corações estão abertos para ouvir como podemos tomar todas as medidas para apoiá-lo através da dor que nos causaram "
Solenemente e Atenciosamente,
Josh Stieber, especialista anterior, do Exército dos EUA
Ethan McCord, ex-especialista do Exército dos EUA
Íntegra da carta em inglês: http://mrzine.monthlyreview.org/2010/ms200410.html



Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixem seu comentário !!