Íny Rybè Bédééryna (Índio pele Karajá)
Em minha recente visita a uma aldeia Karajá, pude constatar e concluir algo que sempre tive a exata certeza.. de que os interesses econômicos imperam e prevalecem sobre a preservação do meio ambiente, da cultura e da pureza de um povo.
Cheguei a Aldeia Karajá de Aruanã, no municipio de Goiás, para encontrar uma pessoa que no meu sentimento é um ser mais que especial e vou contar o porquê. O nome desta pessoa é Raul, um cacique na tribo Karajá, sua história confunde-se com a de milhares de índios tanto do Brasil quanto de todo o mundo, porém se destaca por sua persistência e coragem.
Cheguei a Aldeia Karajá de Aruanã, no municipio de Goiás, para encontrar uma pessoa que no meu sentimento é um ser mais que especial e vou contar o porquê. O nome desta pessoa é Raul, um cacique na tribo Karajá, sua história confunde-se com a de milhares de índios tanto do Brasil quanto de todo o mundo, porém se destaca por sua persistência e coragem.
(O cacique Raul Hawakati e eu as margens do Rio Araguaia)
O cacique, inspirado pelo sentimeno de preservação do meio ambiente, da cultura de seu povo e inspirado também por seu avô Maurehi, abraçou uma causa que o faz viver intensamente e sem medo dos desafios, mas diante de um mundo onde uma minoria detém grande parte do poder e os índios continuam a serem praticamente aniquilados e cercados em um pequeno espaço no meio da imensidão de matas, lugares que já viveram e preservaram por incontáveis séculos, o cacique Raul se viu diante de um golpe mais que cruel, pois foi acusado pela própria Funai (Fundação Nacional do Índio) de ter invadido a terra em que vive, local este que por várias gerações está instalada sua tribo. No começo a aldeia estava situada em um espaço de 11 mil metros quadrados, viviam sem medo e sem a interferência dos brancos, hoje vivem praticamente comprimidos em uma área de 150 metros quadrados na qual vivem 28 famílias Karajá. O cacique sem a possibilidade de se defender apresentando documentos, tendo em vista que antes da chegada do homem branco não existia contratos ou cartórios, nem mesmo a idéia de registrar uma terra, teve que contar toda sua história e mostrar até mesmo o lugar aonde existia um cemitério indígena, local em que seus entes queridos foram enterrados juntamente com seus pertences, conforme a cultura indígena. Resultado.. a Funai perdeu a causa e não conseguiram expulsar a tribo do território.
Não satisfeitos com a derrota, representantes do órgão entraram em contato com o cacique Raul na intenção de comprar a terra e ofereceram 5 mil cruzeiros, sem hesitar o cacique negou a oferta, pois sua intenção é preservar a tradição e os valores indígenas. Os mais inocentes perguntam qual o interesse em possuir aquelas terras, já que o órgão foi constituido com o proposito de proteger o índio, fácil responder... o valor das terras na época da oferta era de mais de 100 mil cruzeiros. Repugnância, ojeriza, realmente não sei qual a melhor palavra para definir meu sentimento por eles.
Afirmei que o cacique Raul é um ser especial e vou dizer o porquê. Em suas diversas palestras ministradas tanto no Brasil como no exterior, o cacique defende a preservação da cultura dos índios e não mede esforços para isso, pude ver em seus olhos a saudade dos tempos em que se banhavam no Araguaia e viviam livres dos infortúnios, doenças e demais vícios levados pelo homem branco.
Karajá Mirin
O cacique em poucas décadas presenciou suicídios na tribo, alcoolismo, perdeu familiares por conta de doenças levadas pelos brancos, como a tuberculose etc. Mas foi em uma palestra em que foi convidado para falar de seu povo, sua causa e de um projeto cultural que sua tribo estava concorrendo, que o cacique por falar com o coração de um verdadeiro anjo desagradou alguns. O cacique Raul durante a palestra falou dos problemas que o índio é obrigado a ter que conviver e das mudanças, de acordo com o esperado pelos dirigentes do evento e também da Funai, tudo corria bem, mas foi quando o cacique com grande amor no coração falou que não era justo falar somente do problema de uma parcela de pessoas, referindo-se aos índios, enquanto as crianças e jovens brancos passam por necessidades também. Aconteceu que ele foi aclamado por todos os participantes do evento, menos pela Funai e demais dirigentes.
Não me restou dúvida de que eu estava diante de uma pessoa iluminada e especial. Alguém que viu e continua vendo seu povo ser exterminado, injustiçado e ainda ter o coração imerso em um mar de amor fraterno e expor o problema dos filhos daqueles que praticamente destruiram os índios, é mesmo digno de ser chamado de anjo!!
Crianças brincando na aldeia
Karajá Mirin
O cacique em poucas décadas presenciou suicídios na tribo, alcoolismo, perdeu familiares por conta de doenças levadas pelos brancos, como a tuberculose etc. Mas foi em uma palestra em que foi convidado para falar de seu povo, sua causa e de um projeto cultural que sua tribo estava concorrendo, que o cacique por falar com o coração de um verdadeiro anjo desagradou alguns. O cacique Raul durante a palestra falou dos problemas que o índio é obrigado a ter que conviver e das mudanças, de acordo com o esperado pelos dirigentes do evento e também da Funai, tudo corria bem, mas foi quando o cacique com grande amor no coração falou que não era justo falar somente do problema de uma parcela de pessoas, referindo-se aos índios, enquanto as crianças e jovens brancos passam por necessidades também. Aconteceu que ele foi aclamado por todos os participantes do evento, menos pela Funai e demais dirigentes.
Não me restou dúvida de que eu estava diante de uma pessoa iluminada e especial. Alguém que viu e continua vendo seu povo ser exterminado, injustiçado e ainda ter o coração imerso em um mar de amor fraterno e expor o problema dos filhos daqueles que praticamente destruiram os índios, é mesmo digno de ser chamado de anjo!!
Crianças brincando na aldeia